POLÍTICA
Brasil tem 50 milhões de pessoas sob domínio de facções, maior índice da América Latina
Um estudo recém-publicado pela Cambridge University Press aponta que mais de 50 milhões de brasileiros, cerca de 26% da população, vivem em áreas onde facções criminosas impõem regras e exercem controle social. O levantamento coloca o Brasil como líder isolado na América Latina no fenômeno conhecido como “governança criminal”.
A pesquisa foi conduzida por quatro professores de universidades americanas e usou como base dados do Latino Barômetro de 2020, que analisa 18 países da região. O resultado mostra que, no continente, entre 77 e 100 milhões de pessoas vivem sob regras impostas por grupos criminosos — o equivalente a 14% da população. No caso brasileiro, o índice é quase o dobro da Costa Rica, que aparece em segundo lugar, com 13%.
Em entrevista ao CBN São Paulo, o repórter do jornal O Globo, Guilherme Queiroz, que encabeçou uma reportagem sobre o tema, explicou que o conceito de governança criminal vai além da violência armada.
“Essas regras podem ser desde condutas que não são aceitas dentro de determinada comunidade até normas como não falar com a polícia. Em momentos de disputa territorial, as restrições tendem a se intensificar.”
O levantamento mostra ainda como a presença de facções pode impactar os índices de criminalidade. Em São Paulo, por exemplo, pesquisadores apontam a redução das mortes violentas nos anos 2000 associada à hegemonia do Primeiro Comando da Capital (PCC). No entanto, em cenários de disputa, como ocorreu em Fortaleza entre 2014 e 2015, o número de homicídios disparou.
A pesquisa também questiona a ideia de que esses grupos surgem apenas em áreas onde o Estado é ausente. Os dois maiores do país — o PCC, de São Paulo, e o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro — nasceram justamente nos estados mais ricos do Brasil.
Para os acadêmicos, fatores como repressão policial intensa e encarceramento em massa podem ter funcionado como catalisadores para a expansão dessas organizações.
Outro dado que reforça a dimensão do problema foi levantado pelo O Globo em paralelo ao estudo internacional: atualmente, existem ao menos 64 facções atuando nas 27 unidades da federação. PCC e Comando Vermelho estão presentes em quase todos os estados, enquanto em regiões como o Rio Grande do Sul predominam grupos locais.
Queiroz ressalta que, além do domínio territorial, preocupa a aproximação das facções, sobretudo o PCC, das estruturas do Estado.
“Essa interferência mais forte já é um passo em direção a algo mais próximo do que se poderia classificar como uma máfia”, afirmou.
Segundo ele, o grupo paulista vem exportando seu modelo organizacional para outros estados, estimulando o surgimento de facções rivais estruturadas de maneira semelhante.
O estudo aponta que a chamada “faccionalização” do Brasil reforça a necessidade de compreender a governança criminal não apenas como fenômeno de ausência estatal, mas também como resultado de um processo no qual as próprias respostas do Estado ajudam a consolidar o poder das organizações criminosas.
POLÍTICA
Mauricio Marcon bate boca com presidente do sindicato de irmão de Lula
Durante sessão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que apura fraudes do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), o deputado federal Maurício Marcon (PL-RS) discutiu com dois advogados do presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), Milton Baptista.
Baptista comanda o sindicato ligado a José Ferreira da Silva, conhecido por Frei Chico, que é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Sindnapi está no radar da investigação da Polícia Federal e nesta quinta-feira (9) foi um dos alvos de nova fase da operação Sem Desconto. O depoente também foi um dos alvos da ação policial.
Na ocasião, o deputado fazia uso de seu momento de fala e citou uma reportagem sobre uma mansão que seria de propriedade de Baptista. Marcon alegou que os recursos usados para construir o sítio seriam provenientes dos desvios nos pagamentos de aposentados e pensionistas.
“Um sítio que esse cidadão tem, que não tinha nada. Agora tem até uma piscina de 50m². Dele. Sítio dele. 50m² de piscina, fora a mansão que ele construiu com dinheiro subtraído de, inclusive, acamados. Pessoas que tiveram derrame, mas eles descontaram”, disse Marcon.
O deputado então citou o fato de Baptista estar em silêncio durante toda a oitiva, se recusando a responder perguntas sob proteção de um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal). Até o momento, o depoente respondeu apenas o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), sobre uma pergunta relacionada ao irmão de Lula.
Marcon sugeriu ainda que Baptista teria um cofre com dinheiro roubado de aposentados e pensionistas e afirmou que o depoente e a mulher dele seriam presos.
“Você vai ser preso. Você, sua esposa. Pensa seus amigos vendo que o senhor era chefe de um sindicato que é uma organização criminosa para desviar dinheiro de pessoas, às vezes, acamadas”, continuou.
Marcon então sugeriu que o depoente confessasse ter cometido algum crime e citou que os advogados estariam o orientando de forma excessiva. Então, um dos defensores pediu ordem, e o bate-boca começou.
Parlamentares de oposição alegaram que os advogados não poderiam falar nos microfones da comissão nem usar formalidades exclusivas de deputados e senadores. O deputado federal Luiz Lima (Novo-RJ) também se envolveu na discussão.
POLÍTICA
“Lula e sua família estão cada vez mais enrolados na roubalheira do INSS”, diz Marcel Van Hattem
O deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e familiares estariam “cada vez mais enrolados na roubalheira do INSS”. A declaração foi feita em meio às investigações sobre fraudes em descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Durante sessões na Câmara dos Deputados, Van Hattem tem criticado o governo federal e o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), alegando falta de transparência na apuração das irregularidades. O parlamentar aponta que entidades conveniadas ao INSS — algumas com ligações políticas com o PT — teriam se beneficiado de cobranças automáticas em benefícios previdenciários.
Entre os alvos de críticas, o deputado mencionou o Sindinapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), entidade presidida por um dos irmãos do presidente Lula. Van Hattem sugeriu que a atuação do sindicato deveria ser investigada por possíveis vínculos com o esquema.
POLÍTICA
André Marsiglia explica o por quê da saída de Barroso do STF
O jurista e professor André Marsiglia afirmou que a saída antecipada do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) não deve ser interpretada apenas como um gesto pessoal ou administrativo, mas como um movimento político calculado. A análise foi feita em publicações nas redes sociais e em artigos recentes, em que Marsiglia sugere que a decisão tem relação direta com o cenário político e o desgaste institucional da Corte.
Segundo o advogado, que é especialista em liberdade de expressão e em direito constitucional, a renúncia de Barroso ocorre em um momento de crescente pressão sobre o STF, tanto no ambiente interno quanto internacional. Ele lembra que o tribunal e seu presidente têm sido alvo de críticas de veículos estrangeiros, como a revista The Economist, que recentemente questionou o papel do Supremo em investigações contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Marsiglia considera que a resposta pública de Barroso à reportagem — uma nota oficial publicada no site do STF — revelou “fragilidade institucional” e “personalização do cargo”, ao transformar a defesa do tribunal em uma reação pessoal. O jurista escreveu que o episódio “mostrou mais sensibilidade do que serenidade”, expondo o ministro a críticas de falta de impessoalidade.
Além disso, Marsiglia aponta que a saída pode ter motivações estratégicas ligadas a julgamentos futuros. Ele sugere que Barroso teria preferido deixar o cargo antes de participar de votações envolvendo recursos de Bolsonaro e outros casos politicamente sensíveis, evitando, assim, um novo foco de tensão entre o Supremo e o ambiente político.
O jurista também especula que o ministro pode estar de olho em uma trajetória internacional, mencionando a possibilidade de Barroso buscar espaço em organismos multilaterais ou mesmo uma futura indicação diplomática. “Ele quer seu visto de volta e uma embaixada de presente”, escreveu Marsiglia, em tom crítico, em seu perfil no X (antigo Twitter).
Para o analista, o episódio simboliza um momento de transição no Supremo. “A saída de Barroso, mais do que uma aposentadoria antecipada, representa um movimento estratégico num tribunal que ainda busca equilibrar prestígio e legitimidade”, resume Marsiglia.
-
POLÍTICA6 meses atrás
“Tomar o celular bruscamente da mão da vítima não configura o crime de roubo”, diz Ministro Antônio Saldanha do STJ
-
BRASIL7 meses atrás
“Se para viver de arte, você precisa de subsídio do Estado, você não é um artista, você é um funcionário público.” Diz Javier Milei
-
POLÍTICA3 meses atrás
Lula estuda limitar remessa de dividendos de empresas americanas com operação no Brasil
-
POLÍTICA6 meses atrás
Deputado do Parlamento Europeu propõe sanção a Moraes após intimação contra Bolsonaro
-
POLÍTICA3 meses atrás
Trump ordena que visto de Eduardo Bolsonaro e toda sua família seja mudado de temporário para permanente
-
POLÍTICA3 meses atrás
EUA investigam esposa de Moraes por influência do ministro do STF
-
POLÍTICA4 semanas atrás
Filha de ministro do STF é xingada e leva cusparada em universidade
-
POLÍTICA3 meses atrás
Advogados dizem que medidas contra Bolsonaro são “inéditas no direito brasileiro”